sábado, 5 de junho de 2010

O Individuo e a Organização – na visão dos Clássicos, Humanistas, Estruturalista e Burocratas

O aparecimento das fábricas provocou mudanças na economia e nos valores da sociedade, obrigando muitas famílias que trabalhavam para si a trabalharem para as indústrias, vendendo sua força de trabalho em troca de salário para sobreviver. Instituído assim a divisão social do trabalho, com ritmo e horários pré-estabelecidos, além da falta de direito a férias, na utilização de mulheres e crianças como mão-de-obra barata e condições insalubres de trabalho. O trabalhador era tratado de forma muito mecânica.

Nesse sentido, as idéias da administração cientifica fizeram com que várias pessoas divulgassem o movimento. Pessoas que eram colaboradoras de Taylor, que é o caso do casal Frank e Lilian Gilbreth e de Henry Gantt.
Frederick Taylor buscava da “melhor maneira” por meio de métodos científicos estudar o tempo e o movimento dos seus operários, levando em consideração fatores como esforços, inteligência, boa vontade e produção. Ford baseou-se nas idéias de Taylor, baseando-se também na produção em massa onde os trabalhadores deveriam ganhar bem para consumir mais.

Idealizado por Henry Fayol a teoria clássica caracteriza-se pela ênfase na estrutura organizacional, pela visão do homem econômico e pela busca da máxima eficiência. Sofreu criticas com a manipulação dos trabalhadores através dos incentivos materiais, salários e a excessiva unidade de comando e responsabilidade. Paralelamente aos estudos de Taylor, Fayol defendia princípios semelhantes a Europa, baseado em sua experiência em auto ordem.

Visando resolver estes problemas surge a Teoria Humanista, com o objetivo de humanizar as organizações, aparece também a Escola das Relações Humanas que foi um movimento de oposição à Teoria Clássica.

Decorrente da Teoria das Relações Humanas, o movimento Behaviorista teve como base o indivíduo definido por três principais movimentos: a motivação, a liderança e a comunicação.

A influência da motivação humana nos indivíduos procurava explicar o comportamento das pessoas (homem econômico e homem social) e as suas necessidades humanas: fisiológicas, psicológicas e de autorrealização. Já a liderança não foi objeto de estudo da Teoria Clássica, mas na Teoria das Relações Humanas constatou-se a influência da liderança sobre o comportamento das pessoas.

Várias teorias sobre a liderança foram feitas para melhor entendê-la, entre elas teorias dos traços de personalidade, dos estilos de liderança e situacionais de liderança. Na área da comunicação era voltada a proporcionar informações e compreensão necessárias para que se possam conduzir as tarefas além de proporcionar atitudes essenciais que promovam a motivação, a cooperação e a satisfação nos cargos.

Essa era a visão geral do indivíduo para os Behavioristas. Já a organização informal reconhece e trabalha aspectos relevantes para o grupo. Podemos somar a isso a Escola de Dinâmica de Grupo de Kurt Lewin que afirma o comportamento, as atitudes, as crenças e os valores do indivíduo baseiam-se firmemente nos grupos aos quais pertencem. O foco dos Behavioristas será nos aspectos relacionais e internos da organização, cada um focando num aspecto. Maslow com estudos voltados para teoria da personalidade e desenvolvimento humano independente da eficiência organizacional; Mc Gregor retoma alguns dos argumentos de Maslow, citando que as motivações corresponderiam a diferentes estilos de liderança; Likert abordou a amplitude de controle, um dos princípios mais sagrados dos clássicos; Herzberg e a teoria dos dois fatores podendo ser higiênicos ou motivacionais, para explicar o comportamento humano; Mc Clelland e o modelo da necessidade de realização e Carnegie e o modelo dos processos decisórios nas organizações, onde critica o modelo clássico de racionalidade absoluta.

A Escola das Relações Humanas ganhou um valor maior logo após a queda da bolsa de valores de Nova Iorque, a partir de então começou a pensar na participação dos funcionários na tomada das decisões da Empresa. A organização nesse momento histórico se transformou em um meio social, o homem não seria mais visto como máquina, e sim como um ser social. Essas idéias foram combinadas com a experiência de Hawthorne, em que Elton Mayo fez testes na linha de produção de uma empresa na busca por fatores que influenciavam positiva ou negativamente na linha de produção, além de Mayo outros pesquisadores se destacaram, foi o caso de Mary Parker Follet, ela analisou os padrões de comportamento e a importância das relações individuais. O indivíduo por sua vez é visto como fator importante para o crescimento da Empresa, sendo discutidas as suas necessidades psicológicas, sociais e a tomada de decisões com a disponibilização de informações, a cerca da Empresa para os funcionários.

No início deste século surgem os burocratas que teve como base as teorias de Max Weber sociólogo alemão que publicou uma extensa bibliografia a respeito das grandes organizações da sua época. Deu-lhes o nome de burocracia e passou a considerar o século XX como o século das burocracias, pois achava que estas eram as organizações características de uma nova época, plena de novos valores e de novas exigências. O aparecimento das burocracias coincidiu com o despontar do capitalismo, graças a inúmeros fatores, dentre os quais, a economia do tipo monetário, o mercado de mão-de-obra, o aparecimento do estado-nação centralizado e a divulgação da ética protestante (que enfatizava o trabalho como um dom de Deus e a poupança como forma de evitar a vaidade e a ostentação).

As burocracias surgiram a partir da era vitoriana como decorrência da necessidade que as organizações sentiram de ordem e de exatidão e das reivindicações dos trabalhadores por um tratamento justo e imparcial. O modelo burocrático de organização surgiu como uma reação contra a crueldade e nepotismo e contra os julgamentos tendenciosos e parcialistas, típicos das práticas administrativas, desumanas c injustas do início da Revolução Industrial. Basicamente, a burocracia foi uma invenção social decorrente da Revolução Industrial, embora tenha suas raízes na Antiguidade histórica, com a finalidade de organizar detalhadamente e de dirigir rigidamente as atividades das empresas com a maior eficiência possível. Rapidamente, a forma burocrática de Administração alastrou-se por todos, os tipos de organizações humanas, como as indústrias, as empresas de prestação de serviços, as repartições públicas e os órgãos governamentais, as organizações educacionais, militares, religiosas, filantrópicas etc.


Visão dos Burocratas sobre o individuo

Os indivíduos no estudo da burocracia foram analisados em sociedade e destacamos de acordo com Max Weber esses seguintes tipos de sociedade:
a) Sociedade tradicional, onde predominam características patriarcais e patrimonialistas, como a família, o clã, a sociedade medieval etc.;
b) Sociedade carismática, onde predominam características místicas; arbitrárias e personalísticas, como nos grupos revolucionários, nos partidos políticos, nas nações em revolução etc.
c) Sociedade legal, racional ou burocrática, onde predominam normas impessoais e uma racionalidade na escolha dos meios e dos fins, como nas grandes empresas, nos estados modernos, nos exércitos etc.

A cada tipo de sociedade corresponde, para Weber; um tipo de autoridade. "Autoridade significa probabilidade de que um comando ou ordem específica seja obedecido." A autoridade representa o poder institucionalizado e oficializado. Poder implica potencial para exercer influência sobre as outras pessoas. Poder significa, para Weber, a probabilidade de impor a própria vontade dentro de uma relação social, mesmo contra qualquer forma de resistência e qualquer que seja o fundamento dessa probabilidade': O poder, portanto, é a possibilidade de imposição de arbítrio por parte de uma pessoa sobre a conduta das outras.

A autoridade proporciona o poder: ter autoridade é ter poder. A recíproca, contudo, nem sempre é verdadeira, pois ter poder nem sempre significa ter autoridade. A autoridade - e o poder dela decorrente - depende da legitimidade, que é a capacidade de justificar seu exercício. A legitimidade é o motivo que explica por que um determinado número de pessoas obedece às ordens de alguém, conferindo-Ihe poder. Essa aceitação, essa justificação do poder é chamada legitimação. A autoridade é legitima quando é aceita. Se a autoridade proporciona poder, o poder produz à dominação. Dominação significa que a vontade manifesta (ordem) do dominador influencia a conduta dos outros (dominados) de tal forma que o conteúdo da ordem, por si mesma, se transforma em norma de conduta (obediência), para os subordinados.

A dominação é uma relação de poder na qual o governante (ou dominador) - ou a pessoa que impõe seu arbítrio sobre as demais - acredita ter o direito de exercer o poder, e o governado (dominado) considera como sendo sua obrigação obedecer-Ihe as ordens. As crenças que legitimam o exercício do poder existem tanto na mente do líder como na dos subordinados. Tais crenças determinam a relativa estabilidade da dominação, ao mesmo tempo em que retratam as diferenças básicas entre os diversos sistemas de dominação. Weber estabelece uma tipologia de autoridade baseando-se, não nos tipos de poder empregados, mas nas fontes e tipos de legitimidade aplica dose.


Visão dos Burocratas sobre a Organização

A organização burocrática é uma estrutura social adaptativa: Todas as organizações formais estão sujeitas às pressões do ambiente e necessitam se ajustar e modificar seus objetivos continuadamente. As organizações formais são moldadas por forças exteriores à sua estrutura racional e aos seus objetivos. Dentro da organização formal desenvolve-se uma escultura informal que gera as atitudes espontâneas dos indivíduos e subgrupos para controlarem as condições de sua existência. Essa estrutura informal, em seguida. Torna-se indispensável e paralela a próprio sistema formal de delegação e controle.

A burocracia deve ser analisada sob o ponto de vista estrutura e funcional (análise estrutural e funcional da organização) e não sob o ponto de vista de um sistema fechado e estável, como no modelo weberiano.

Essa análise deve refletir os aspectos do comportamento organizacional interno, bem como os sistemas de manutenção da organização formal: os dilemas da organização serão esclarecidos através das restrições ambientais e da limitação das alternativas de comportamento. Para atingir os seus objetivos (malgrado os compromissos), a organização lança mão de dois mecanismos de defesa:
1. A ideologia: que é um conjunto de crenças e idéias desenvolvidas pela organização e que serve de justificativa ou de barreira racional para as ações da empresa.
2. A cooperação: que é o processo de absorção de novas pessoas vindas de outras organizações do ambiente externo e que ingressam na estrutura de decisão da organização como um meio de evitar ameaça à sua estabilidade.

A cooperação ocorre Quando uma organização, para obter apoio de uma outra, admite em seus quadros elementos dessa outra organização. A cooperação traz novas soluções, muitas vezes inconsistentes com aquelas vigentes, mas apresenta a vantagem de ser menos dramática do que a confrontação com a outra organização, podendo surtir o mesmo efeito da resolução do conflito sem precipitar qualquer tipo de mudança estrutural. A cooperação aumenta a certeza de apoio futuro por parte da empresa cooperante. É o caso de aceitação de representantes de instituições financeiras no quadro da diretoria de uma empresa, para aumentar a possibilidade de acesso a empréstimos ou aos recursos financeiros, enquanto durar o acordo de cooptação.

Com seu modelo, Selznick pretende mostrar que a burocracia, ao empregar a técnica de controle, gera uma série de conseqüências não-previstas. Da mesma forma que Merton, Selzriick demonstra que essas consequências não-previstas provêm dos problemas ligados à organização informal (sistemas interligados de relações pessoais).

O modelo de Selznick começa com a exigência de controle feita pela alta administração. Como resultado dessa exigência, institui-se uma progressiva delega à de autoridade. Assim, cada subunidade procura adaptar a sua política à doutrina oficial da organização, produzindo subobjetivos. Ao mesmo tempo, reforça-se a internalização de subojetivos nos participantes por uma influência da rotina diária. Essas decisões dependem dos critérios operacionais estabelecidos pela organização. E são reforçadas pelo grau de treinamento em assuntos especializados que cada subunidade recebe. Evidentemente, a internalização de subobjetivos depende, em grande parte, da operacionalidade dos objetivos da organização.

Qualquer variação na operacionalidade dos objetivos da organização afeta o conteúdo das decisões diárias, modificando-o gradativamente. Por ai se verifica, claramente, que a delegação traz conseqüências funcionais assim como disfuncionais para a realização dos objetivos da organização.


Visão dos Estruturalistas sobre o Individuo

Enquanto a Teoria Clássica caracteriza o "homo economicus" e a Teoria das Relações Humanas, o "homem social", a Teoria Estruturalista caracteriza o "homem organizacional", ou seja, o homem que desempenha papéis em diferentes organizações. Nessa sociedade de organizações, moderna e industrializada, avulta a figura do "homem organizacional": ao participar simultaneamente de várias organizações, o homem moderno, ou seja, o homem organizacional, para ser bem sucedido, precisa ter as seguintes características de personalidade:
1. Flexibilidade, em face das constantes mudanças que ocorrem na vida moderna, bem como da diversidade dos papéis desempenhados nas diversas organizações, que podem chegar à inversão, aos bruscos desligamentos das organizações e aos novos relacionamentos;
2. Tolerância às frustrações, para evitar o desgaste emocional decorrente do conflito entre necessidades organizacionais e necessidades individuais, cuja mediação é feita através de normas racionais, escritas e exaustivas que procuram envolver toda a organização;
3. Capacidade de adiar as recompensas, e poder compensar o trabalho rotineiro dentro da organização, em detrimento das preferências e vocações pessoais por outros tipos de atividade profissional;
4. Permanente desejo de realização, para garantir a conformidade e cooperação com as normas que controlam e asseguram o acesso às posições de carreira dentro da organização, proporcionando recompensas e sanções sociais e materiais.

Os estruturalistas usavam essas características de personalidade nas organizações, mas a partir de composições e combinações que variam enormemente e de acordo com a organização e com o cargo ocupado. Assim, o "homem organizacional" reflete uma personalidade eminentemente cooperativa e coletivista, que parece destoar de algumas das características da ética protestante - eminentemente individualista - definidas por Max Weber. É que Weber havia relacionado as características do protestantismo ascético com o espírito do capitalismo moderno, a saber, o espírito de realização, a busca da propriedade, a laboriosidade, o sacrifício e a pontualidade, a integridade e o conformismo: virtudes importantes no comportamento do homem organizacional, que procura através da competição obter o progresso e a riqueza. Como o conformismo exigido pelas organizações não é encontrado em um grande número de pessoas, avultam daí os conflitos encontrados nas organizações e que geram a mudança organizacional, conforme veremos mais adiante.

As organizações sociais são as conseqüências da necessidade que o homem tem de relacionar seu comportamento com os comportamentos dos outros, a fim de poder realizar seus objetivos. Em toda organização social encontramos elementos - que são os comportamentos, isto é, as respostas dadas a determinado estímulo - e estrutura - que são as categorias de comportamentos ou conjuntos de comportamentos agrupados. Dentro da organização social, as pessoas são destinadas a certos papéis. Papel é o nome dado a um conjunto de comportamentos solicitados a uma pessoa. Papel é a expectativa de desempenho por parte do grupo social e conseqüente internalizarão dos valores e normas que o grupo explícita ou implicitamente prescreve para o indivíduo. Muitas vezes, o papel prescrito para um indivíduo é reforçado pela sua própria motivação em desempenhá-lo eficazmente. Como cada pessoa pertence a vários grupos e a várias organizações, desempenha diversos papéis, ocupa muitas posições, suporta igualmente grande número de normas diferentes.


Visão dos Estruturalistas sobre a Organização

As organizações constituem a forma dominante de instituição em nossa sociedade: é a manifestação de uma sociedade altamente especializada e interdependente, que se caracteriza por um crescente padrão de vida. As organizações permeiam todos os aspectos da vida moderna e envolvem a atenção, tempo e energia de numerosas pessoas. Cada organização é restringida por recursos limitados, e por isso não pode tirar vantagens de todas as oportunidades que surgem: daí o problema de determinar a melhor alocação de recursos. A eficiência é obtida quando a organização aplica seus recursos na alternativa que produz o maior resultado.

A Teoria Estruturalista concentra-se no estudo das organizações, principalmente na sua estrutura interna e na sua interação com outras organizações. As organizações são concebidas como "unidades sociais (ou agrupamentos humanos) intencionalmente construídas e reconstruídas; a fim de atingir objetivos específicos. Incluem-se nesse conceito as corporações, os exércitos, as escolas, os hospitais, as igrejas e as prisões; excluem-se as tribos, as classes, os grupos étnicos, os grupos de amigos e as famílias". As organizações são caracterizadas por um "conjunto de relações sociais estáveis deliberadamente criadas, com a explicita intenção de alcançar objetivos ou propósitos". Assim, "uma organização é uma unidade social dentro da quais as pessoas alcançam relações estáveis (não necessariamente face a face) entre si, no sentido de facilitar o alcance de um conjunto de objetivos ou metas".

Um tipo específico de organizações são as chamadas organizações formais. As organizações formais constituem uma forma de agrupamento social, que é estabelecido de uma maneira deliberada ou proposital para alcançar um objetivo específico. Uma organização formal é caracterizada principalmente pelas regras, regulamentos e estrutura hierárquica que ordenam as relações entre seus membros. A organização formal permite reduzir as incertezas decorrentes da variabilidade humana (diferenças individuais entre as pessoas), tirar vantagens dos benefícios da especialização, facilitar o processo decisório e assegurar a implementação apropriada das decisões tomadas. Esse esquema formal "que tenta regular o comportamento humano para o alcance eficiente de objetivos explícitos torna a organização formal única entre as instituições da sociedade moderna e digna de estudo especial". A organização formal é formalmente estabelecida para atingir objetivos explícitos e constitui um sistema preestabelecido de relações estruturais impessoais, resultando daí um relacionamento formal entre as pessoas, o que permite reduzir a ambigüidade e a espontaneidade e aumentar a previsibilidade dos comportamentos.

Dentre as organizações formais avultam as chamadas organizações complexas. Nas organizações complexas, a estrutura e o processo apresentam elevado grau de complexidade devido ao grande tamanho (proporções maiores) ou à natureza complicada das operações (como os hospitais e universidades). Nas organizações complexas a convergência dos esforços entre as partes componentes (departamentos, seções etc.) é mais difícil, pois existem inúmeras variáveis (como o enorme tamanho, a estrutura diferenciada, a diversificação das atividades, a complexidade das comunicações, as diferentes características pessoais dos participantes) que complicam enormemente o seu funcionamento. Os estruturalistas dedicam enorme atenção às organizações complexas por causa dos desafios que estas impõem à análise organizacional. As organizações formais por excelência são as burocracias.

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